sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Simples Resposta


O dia estava bonito e sentar de frente para o mar era agradável. Estavam as duas ali, conversavam, se calavam e olhavam o mar... Tudo fluía naturalmente entre as amigas.


Foi quando falavam de algumas experiências divertidas e memoráveis do passado que a suavidade do momento se quebrou. Uma perguntou:
- Mas então, o que você quer de agora em diante?

A outra ficou admiravelmente mais perturbada do que deveria com a pergunta... Pensou:
- Queria uma manhã de sol reluzente, uma tarde de brisa suave, um anoitecer de céu colorido e de clima agradável. Queria a lua grande e brilhante na noite de negro misterioso e infinito. Queria o que é belo... mas belo no sentido mais nobre e profundo da palavra, não essa convenção física superficial. Queria ver o mundo, nas suas diferentes faces, jeitos, cores e aromas... ver as peças que formam o todo e apreciar quão especial e único cada lugar e cada um é. Queria ficar, aproveitar tudo, aprender, viver. Queria voltar, rever, mudar o final, fazer melhor. Queria o riso fácil, a gargalhada gostosa, o sentimento sincero, o abraço apertado, a companhia agradável. Queria prosperar, fazer a diferença, dar exemplo, levar esperança, ser do bem, mudar o mundo talvez... Queria amar, sem medo de ser feliz, sem medo de se machucar, sem reservas. Queria o que dura, o que se nutre, o que cresce, o que é escolha livre. Queria música, a melodia mais linda, a voz mais doce, a letra que refletia a alma, o ritmo que embalava o mais profundo do ser. Queria uma história que tivesse sentido, uma trajetória de significado, que gerasse fruto... e que o fruto permanecesse. Queria viver, celebrar a vida, aproveitar a vida, gerar vida. Queria o seguro, a certeza, a verdade. Queria o êxtase, a emoção, a surpresa. Queria o brilho no olhar, o coração disparado, o peito ofegante, o suspiro, a lágrima de alegria. Queria o que é eterno, verdadeiro, ordinariamente especial, útil, educativo, progressivamente melhor. Queria o perfeito e ideal?

Uma perguntou novamente:
- E então, o que?

A outra suspirou e respondeu o que pareceu ser aceitável. Aquilo que todo mundo diz, sobre o básico que todos parecem almejar. Nada parecido com aqueles rápidos segundos de infinito querer.

Uma ouviu e disse:
- Sei o que você quer dizer... Vai dar tudo certo.
- É vamos ver - respondeu a outra.

Depois de algum tempo, uma perguntou com um sorriso estranho:
- O mar não parece mais misterioso e poético hoje?

A outra riu também, um riso ainda mais estranho:
- Muito! Talvez mais do que deveria...

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