sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Evolução Natural!?!? (Ah tá...)

Foi o britânico Charles Darwin (1809-1882) que primeiro trouxe ao foco de discussão a história da "Evolução", com o lançamento de seu livro ‘A Origem das Espécies’ em 1859. Desde então, o mundo passou a encarar o trajeto de nossos ancestrais, as mudanças e adaptações de forma diferente.

Eis que após suas viagens a observações de diferentes animais, o espertinho Darwin defendeu a ‘Teoria da Evolução’ considerando o mundo um lugar no qual os organismos lutavam por supremacia e em que apenas o mais apto sobrevivia. Vemos aí as raízes da questão: competição e sobrevivência!

Mas será que podemos considerar essa ‘busca por espaço/sobrevivência’, um ingrediente que compõe uma "Evolução" bem “Natural”? É ... não sei não!!!

Peço licença aos eruditos estudiosos que usariam o respeitado estudo de Darwin para refletir sobre questões maiores e aplico a teoria ao ‘show bizz’. Já faz algum tempo que certas "evoluções" tem me incomodado, principalmente no cenário musical, onde o foco maior deveria ser, obviamente: a música! E não outras coisas, como escândalos e corpos seminus rebolando...

Para ilustrar essa reflexão, proponho uma análise sobre a carreira e as capas de CDs de três cantoras famosas. E acreditem, para aqueles que não concordarem com meu ponto de vista, a escolha da ‘capa de Cd’ como exemplo foi um grande ‘suavizador’ da história, porque tinham imagens infinitamente piores que eu poderia ter usado...

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Primeira personagem: a já ‘senhora’ Mariah Carey. Nascida em 21 de março de 1970, a hoje cantora de 40 anos de idade vem de uma família com forte veia musical. Motivada pelos pais, Mariah sempre quis ser cantora... ou melhor uma ‘superstar’. E tinha tanta convicção que sua meta seria atingida que desde pequena dizia não precisar ir à escola, porque seria famosa (uau!).

Dona de uma voz que atingia tons super altos, ela conquistou o público em 1990 quando seu primeiro álbum bateu 4 vezes o primeiro lugar na Revista Billboard com 4 músicas diferentes! Ela cantava o ‘amor’, suas canções combinavam letras sentimentais e a voz acima da média que todos adoravam e se emocionavam ouvindo.

Mas os tons altos, os agudos estridentes e o romance das canções... cansou o público! E Mariah Carey resolveu mudar!


(Na figura: CD "MTV - Unplugged" de 1992... com o microfone na mão mostrando toda sua potência vocal)

Tudo bem que ela nunca foi o imaculado exemplo das fotos comportadas, mas a transformação entre os anos é incontestável! Me pergunto: será que foi a crise de não ser mais uma jovenzinha? Será que disseram a ela que se ela fosse mais sexy seu trabalho cairia no gosto da geração que estava dominando o cenário musical? Não sei...

Só sei que a mídia comprou a identidade de Mariah e a transformou em algo comercial, que teoricamente renderia mais... Ela gravou músicas com rappers, mudou o estilo, fez vídeos com os cabelos esvoaçantes, decotes super ousados, poses insinuantes e tudo mais que se tem direito...

Hoje não mantendo nem a marca de cantora diva, nem a de ‘sex symbol’, Mariah amarga críticas sobre estar fora do peso e sobre más apresentações, como o fiasco no funeral de Michael Jackson, em que a cantora se justificou dizendo que estava muito emocionada para cantar...

(Na figura: CD "The Remixes" de 2003... o microfone já não tem mais espaço...)

Eu sempre gostei muito mesmo das canções de Mariah Carey, aquelas que você ouve e sente admiração pela voz e pelo conteúdo, mas parece que para se manter nos holofotes ela teve que se 'adaptar', 'evoluir' e deu no que deu!

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Um exemplo clássico e que testemunhei bem de perto, por dialogar intimamente com a minha faixa etária, foi a transição da queridinha ‘princesa do pop’: Britney Spears.

Hoje com 28 anos, a cantora que iniciou sua carreira aos 12 no ingênuo ‘Clube do Mickey’, acumula prêmios, álbuns de sucesso, vídeos marcantes, turnês mundiais e... escândalos... muitos escândalos.

O primeiro fato é que foi gritante a transformação do estilo ‘menininha’ para o estilo ‘super sexy’ de Spears. As coreografias mudaram, as letras mudaram, a postura mudou... assim como, as notícias nos tablóides mudavam a cada semana!

(Na figura: CD "... baby one more time" de 1998 ... ela não parece um anjo?)

Descobrimos enfim, que Britney não cantava tão bem assim... lembro-me da minha decepção assistindo na TV o Rock in Rio em 2001 vendo a cantora desafinar até para falar... talvez, a "evolução" de ‘Brit’ se justifique por isso...

Depois dos problemas com álcool, de agredir jornalistas, quase perder a guarda dos filhos, aparições sem ‘roupa de baixo’, engordar e emagrecer, e o mais importante: músicas com conteúdo fraco e pouca preocupação com o vocal... Britney continua nas paradas, aclamada pela mídia por ter ‘dado a volta por cima’... será?


(Na figura: CD "Circus" de 2009... não tão angelical assim...)

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Enfim, com dor no coração, falo da sensação Miley “Hanna Montana” Cyrus. Com um timbre de voz muito bonito e carisma, muito carisma, a cantora e atriz arrebatou o público infantil com suas músicas singelas e seu seriado de TV. Tudo ia bem! Crianças felizes, mães felizes, família se divertindo com Miley e seus trabalhos até que... aos 15 anos vemos fotos sensuais da mocinha destinadas ao seu namorado circulando na internet.

(Na figura: CD "Breakout" de 2008 ... sorriso de boa menina fazendo pose com microfone.)

Mais uma não!!! Abafado o caso, pensamos que nossa Miley voltaria a ser a queridinha do público infanto-juvenil quando... ah não! Mais fotos!!! Mais fotos clandestinas, e como se não bastasse, um ensaio sensual para a revista ‘Vanity Fair’... espera aí gente! A menina nem é maior de idade ainda! ... Mas ninguém esperou! Miley queria "evoluir"!

Esse ano, lançou seu novo CD intitulado “Can’t be tamed” (Não posso ser domesticada), junto com o single veio o videoclipe: pronto, a transformação estava completa! Sem honrar suas raízes do country music de Nashville - sua cidade natal - e sem valorizar sua bela voz, Miley dançou dentro da gaiola de seu vídeo ao som da música título do CD, e o que a grande mídia fez? Lamentou? Não! A mídia aplaudiu!

(Na figura: CD "Can't be Tamed" de 2010 ... parece que ela tem 17 anos? E cadê o microfone e o sorriso de menina?)

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Entendam que não estou criticando quem gosta da forma "evoluída" dessas cantoras. Como nos disse Darwin, a lei da sobrevivência implica certas mudanças. O que lamento é a perda de identidade, é a necessidade de haver uma massificação de estilo para que o artista seja aceito. Será que perdemos a capacidade do ser ‘eclético’. Em um mundo que quer tanto defender as minorias e lutar contra o preconceito, vejo uma grande contradição em querer padronizar tudo para alcançar aceitação. Existe espaço para diferentes expressões artísticas se formos mais flexíveis! Existem diferentes públicos e preferências!

Preocupo-me com o público que idolatra esses famosos 'transformados para vender'... será que esse público também se transforma assistindo a "evolução" do seu artista querido? Será isso uma "Evolução Natural" ? Será que as crianças que viam em ‘Hanna Montana’ o seu grande exemplo sofreram também uma transformação depois de terem testemunhado toda essa história? Quem foi que inventou esse papo de que para mostrar independência e se auto-afirmar temos que recorrer ao apelo sexual? “Olha, se eu sou sexy! Eu sou livre”!

Darwin mostrou que o homem passou pelo processo evolutivo de animal para ser humano, e o que nos faz 'humano' é a capacidade de refletir, ponderar, pensar e agir conscientemente. E se estamos simplesmente ligados às questões do corpo, do instinto, será que estamos honrando os milhares de anos em que as espécies tiveram que lutar pela "evolução" ?

Não sei... só sei que sinto falta da essência musical, do valor ao talento! Mas as coisas não estão perdidas, é claro que não!!! Para cada 1 exemplo de talento desperdiçado, podemos encontrar 3 ou mais bem utilizados. Nosso trabalho é deixar em esses ‘3 ou mais’ também tenham espaço e não forçá-los e sofrerem uma "Evolução Natural" para conquistarem seu lugar ao sol.


Toda a música que não pinta nada é apenas um ruído. (Jean Alembert)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E a música?

♫ The Hills are alive with the sound of music / With songs they have sung for a thousand years / The hills fill my heart with the sound of music / My heart wants to sing every song it hears ♪
Às vezes acho que ainda não compuseram a música que preciso ouvir. Geralmente tenho esse sentimento quando penso em algo importante. Vou tentar explicar... na verdade cada dia que passa me convenço mais sobre o poder que a música tem sobre a vida das pessoas... ou é só comigo? ¬¬

A melodia, a letra, a mensagem, o sentimento, a dinâmica... tudo é construído para despertar algo naquele que ouve, ou que toca, ou que canta. Como diria Pierre Beaumarchais “Tudo acaba em canções”, e não só acaba, como começa, continua, cria e recria.

Tem música que te faz lembrar lugares, pessoas, cheiros, sensações e tudo mais que há para sentir. Porém, o que me intriga mais é a música que te faz lembrar do que ainda não aconteceu. Estranho não? Também acho, mas algumas canções me trazem essa sensação, é como um movimento dos sentidos em relação ao que existe e ao que pode um dia existir.

Victor Hugo tem umas reflexões interessantes sobre a música, ele realmente foi uma pessoa inspirada, para ter criado “Os Miseráveis” e tudo mais... mas, esse não é o foco! Como ele um dia disse: “A música é o verbo do futuro”... Eu sonho ouvindo música, e às vezes parece tão real, que dá até uma tristeza quando o efeito acaba.

Ouço música também para manter os pés no chão. Tem aquela uma, aquela certa canção que sempre te faz pensar no que você não pode mais fazer, ela te aconselha da maneira mais profunda, sutil e sublime possível.. Enfim, V. Hugo disse: “A música é o barulho que pensa”, e como pensa! Pensa tanto que nos faz ir até o íntimo do nosso ser e traz a tona todo tipo de sensação.

Quem nunca falou um dia na vida: “Essa é minha música!”... acho que todo mundo. A música cria esse laço de identificação entre o sentimento do artista e o sentimento do ouvinte. Por essa e tantas outras é que meu respeito por essa arte é enorme... E mais uma de Victor Hugo: “A música está em tudo. Do mundo sai um hino”.

Quando nasceu a música? Qual sua origem? Ninguém sabe ao certo, mas segue uma definição: Música é uma palavra do grego - vem de musiké téchne, que quer dizer a arte das musas - e se constitui, basicamente, de uma sucessão de sons, entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um determinado tempo. Há vestígios de manifestações musicais na pré-história, mais ou menos 60.000 anos A.C. Pensa bem!? Isso só me faz pensar que o homem tem necessidade de música, é uma condição básica de sobrevivência...

A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido - se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias - a comunicação das almas. (Marcel Proust)

Tudo bem, talvez eu esteja exagerando, tem gente que nem gosta tanto assim de música, se bem que não conheço muitos desse tipo rs. O ponto é: como pode essa combinação de sons instrumentais e vocais mexer tanto com diferentes áreas de nossa vida? Tem música para tudo! Para rir, chorar, dançar, rezar, pensar, gritar, enlouquecer, extravasar, acalmar...

Mas hoje quero só ouvir, sentir e talvez até chegar a alguma conclusão. Porque além de tudo já destacado acima, a música tem esse poder de dialogar com quem ouve. Quem sabe você e eu não encontremos uma resposta para nossos anseios e conflitos numa canção que por acaso ouçamos hoje? Pode ser... mas termino como comecei, dizendo que parece que ainda não compuseram a música que eu preciso ouvir...


Sem música a vida seria um erro. (Friedrich Nietzsche)