quinta-feira, 9 de maio de 2019

A Marvel e o Endgame na minha vida

Não consegui decidir se iria falar sobre minha 'relação' com a Marvel, ou se iria falar de Endgame, o filme mais comentado do momento, e a segunda maior bilheteria da história mundial (até agora, porque acho que vai subir). Como não houve decisão, vou falar das duas coisas mesmo... Ahhh e importante dizer, tem spoilers nesse texto! Então se não assistiu o filme, não leia.

Sempre gostei dos super heróis, desde os desenhos da infância, passando pelas séries americanas da TV aberta, evoluindo para os longa metragens nem tão populares, chegando aos poderosos blockbusters. Acho fascinante a jornada do herói: a descoberta da missão, os sucessos e fracassos do percurso, a vitória final.

Falando em "Jornada do herói", já ouviu falar em Monomito? Segundo o antropólogo Joseph Campbell, escritor do livro "O Herói de mil faces", de 1949, essa forma de construção narrativa é encontrada nas principais histórias da humanidade!!! Campbell fala da jornada basicamente em três partes: a partida, a iniciação e o retorno. O herói vive algo fantástico, extraordinário, ele luta, vence, e aprende com o que viveu. Mesmo nesse contexto de fantasia, esse caminho encontra eco nas mais diversas situações da vida. Show!

Quem nunca sonhou em ser herói? Quem nunca desejou viver uma grande aventura e triunfar demonstrando grandes habilidades? Não sei você, mas eu já sonhei com isso inúmeras vezes, e continuo sonhando...

Para mim, esse eco que o heroísmo fantasia encontra na vida ordinária reflete uma sede de infinito presente no ser humano. Não estou falando de um sentimento megalomaníaco, estou falando de imaginação, de empolgação, de desejo de viver de verdade, de ver a grandeza mesmo das pequenas coisas, de enxergar valor e potencial nas 'missões' do dia-a-dia. Aí é traçado um paralelo entre a vida real, e o percurso das histórias dos heróis. Isso me lembra quando estudei "A poética de Aristóteles", aquela coisa de mímese e verossimilhança, a imitação da vida, o contar uma história que não existe, mas relacioná-la ao real.

Chega de conceito! Vamos para o efetivo e afetivo! Eu sou fã de Marvel porque em uma década, eles desenvolveram histórias de vários personagens, unindo esses heróis em alguns momentos, expandindo mais a trama cada vez que isso acontecia, entrelaçando roteiros, deixando pistas de um filme em outros filmes, e criando um universo criativo que prende a atenção e envolve quem acompanha o desenrolar das aventuras sempre bem produzidas. Além disso, os filmes da Marvel exploraram aquilo que o fã sempre quis ver: como o herói vive depois da missão, como ele se relaciona com o mundo, o que ele faz quando não está salvando o mundo. Isso estreita a relação do personagem com quem assiste, fica mais fácil relacionar a 'aventura da minha vida', com a vida dele.

Foi uma década genial! Uma cultura pop com conteúdo bom. Digo isso porque pode-se assistir as produções e enxergar valores: existe amizade, dignidade, busca pelo bem, pelo que é certo, pelo bem do outro. Mesmo explorando figuras tidas como 'anti-heróis', era possível acompanhar o desenvolvimento desses personagens meio perdidos e traumatizados, havia esperança de mudança de vida, de melhora, de progresso interior.

Posso dizer que ao longo dessa década, que se estendeu para o décimo primeiro ano da mega trajetória (2008-2019), eu vibrei, me diverti, sonhei, me envolvi com as histórias... Eu assisti vídeos de comentários e teorias sobre as histórias (pois é), vi o mesmo filme muitas vezes, conversei sobre os roteiros, opinei sobre o que achei bom e o que achei ruim (como se minha opinião contasse alguma coisa), e esperei, fui envolvida na expectativa... E é óbvio que não fui a única, afinal de contas o MCU (Marvel Cinematic Universe) ganhou bilhões de fãs (e de dinheiro) ao redor do mundo, e fez com que um filme de herói fosse indicado ao Oscar pela primeira vez na história! Muitas marcas e recordes. 

Mas chegou o final: "We're in the Endgame now". Vimos heróis virarem pó, num final dramático de "Guerra Infinita" e esperamos pelo filme "Ultimato" cheios de esperança que os heróis voltariam e salvariam o mundo. E mais uma vez a Marvel entregou a história magistralmente para seus fãs, muito "fan service" como dizem os youtubers de canais geek kkkk. Uma vitória que ecoou na vida porque não veio simplista: veio com sacrifício, com decisões difíceis, com superação, com cooperação, com uma missão não individualista, mas em que cada um fez sua parte.

Ultimato é criativo e emocionante. Ele explora toda a carga afetiva que criamos com os personagens durante os 11 anos de filmes, e desenvolve a trama de maneira tão interessante que você não sente as 3 horas de filme passarem, aliás, você não quer que acabe!

Destaque para a interação dos personagens com as cenas dos filmes anteriores quando eles voltam no tempo. A produção teve o cuidado de usar as mesmas cenas, em ângulos diferentes, que delicadeza! E o encontro de Tony Stark com o pai, em uma bela oportunidade de cura da história de vida. E o Capitão América levantando o Mjolnir, sempre soube que ele era digno kkkk! O sacrifício da Viúva Negra e do Homem de Ferro pelos outros. E tantos outros momentos!!!

Falando em acabar, acho que está na hora de parar de escrever. Nem falei tanto de Ultimato, mas acho que deu para entender que eu recomendo! Um filme de marcar época! Agora o futuro é incerto. Ultimato foi o fechamento de 11 anos que me cativaram. Não sei se vou concordar com a maneira que a Marvel vai trabalhar a partir de agora e com os aspectos que eles pretendem explorar... Não sei!

Só sei que vou continuar admirando as produções que fazem com que a vida encontre eco na jornada do herói. É bom esse desejo de viver a vida com uma missão, de não chegar à vitória sozinha, de me envolver com cada acerto e erro do caminho, de aprender durante o percurso, de lutar pelo bem, pelo que é digno, pelo bem do outro.

No final, o cristão tem um pouco (ou muito) do herói... A diferença é que nossos super poderes não são nossas habilidades por elas mesmas, nosso poder é a graça de Deus que nos move, e que santifica nossas habilidades em vista do bem de todos.

Avante!