quinta-feira, 30 de abril de 2020

Que 2020 é este?


Faz tempo que não atualizo aqui. Os dias têm sido intensos. Queria registrar o quanto o ano de 2020 está sendo o mais imprevisível que já vivi. Mas o que eu queria mesmo dizer é o quanto tenho louvado por ter um sentido de vida. Percebi que isto é realmente uma âncora que não nos permite ser arrastados pelas crises.


Tudo parece estar diferente. Muitas limitações estão impostas neste tempo. Há várias inquietações sobre o futuro. Há medo sobre o presente e medo pelos que amamos. Há uma comoção pelas vidas perdidas. Há uma amargura no sentimento de impotência diante de tudo isso.

Frei Raniero Cantalamessa, pregador oficial da casa pontifícia, disse em sua reflexão na Sexta feira da Paixão desse ano que um dos efeitos da pandemia é que a humanidade está "saindo da sua ilusão de onipotência". Eu concordo! E esta sensação, mesmo para os que dizem ter esta certeza, é bem desconfortável. O que fazemos diante de uma situação da qual não temos controle algum? 

Tenho pensado muito sobre  a insegurança a respeito da verdade. O que é real? O que é manipulação? Quais são os meios seguros de saber a verdade? Eu não sei! Só sei que volto ao princípio: o sentido de vida me ajuda a sublimar todo este contexto. A verdade da minha fé é a única que tenho mesmo segurança que não me enganará. E nela eu devo me apoiar. E vemos uma crise de saúde se desdobrar em crise humanitária, crise política, econômica e etc. Um cenário triste!

Eu não sou onipotente. Eu não tenho controle sobre as situações e sobre as decisões dos outros. Eu tenho minha fé. Eu tenho um sentido de vida. E aquilo que creio é a única verdade em que me apoio. É essa a lista que repasso em minha mente, que deixo cair no meu coração. Ela me faz desejar alimentar a fé, manter viva a esperança, experimentar e comunicar o amor. Por isso eu suplico, por isso eu rezo! Diante de um contexto que me ultrapassa, recorro ao Deus que ultrapassa tudo.

Que este tempo, que passará, possa nos amadurecer, possa despertar solidariedade e o valor da vida em nosso coração. Que passe nos fazendo lembrar do que é essencial. Que passe e não roube a fé. Que passe e nos ensine a olhar mais para o outro, a cuidar mais do outro. Que passe e que nós permaneçamos firmes, ancorados em Deus.   


A esperança, com efeito, é para nós como uma âncora, segura e firme. Ela penetra até além da cortina do Santuário, no qual Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec. (Hebreus 6, 19-20)